quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Vitória moral: Auckland City "segura" campeão da América do Sul durante 120 minutos em duelo memorável para o futebol da Oceania

  Por João Victor Gonçalves

  O Auckland City venceu o San Lorenzo de Almagro; ao menos moralmente. O placar final reflete a vitória matemática do clube argentino e a passagem de fase do quadro bonaerense mais por uma questão de sorte (ou talvez fé, já que o Papa Francisco é o mais ilustre torcedor da representação azul-grená) do que de mérito. Durante 120 minutos, os semi-profissionais do Auckland fizeram frente ao campeão da América, num encontro memorável para o futebol da Oceania.

Disputa de bola entre De Vries (branco, Auckland City) e Barrientos (azul-grená, San Lorenzo)

  Nem mesmo o mais pessimista dos mais de 18 mil torcedores que, em sua grande maioria, foram apoiar o San Lorenzo no Le Grande Stade de Marrakech esperava uma classificação tão difícil do quadro de Boedo. Durante os primeiros minutos, o San Lorenzo chegava pouco à meta de Williams, mas sua dificuldade poderia ser atribuída mais ao nervosismo da estreia no Mundial de Clubes e ao bom posicionamento defensivo do City do que propriamente a um equilíbrio técnico por parte do quadro neozelandês.

Tamati Williams (foto) foi um dos grandes nomes do Auckland City no duelo contra o campeão da América do Sul

  Defensivamente, o quadro de Edgardo Bauza mostrava-se seguro, oferecendo raras chances ao City. Com um ataque pouco criativo, o gol do San Lorenzo só viria no final da primeira etapa: aos 46 minutos, após boa triangulação ofensiva, Emmanuel Más deu um passe certeiro para Pablo Barrientos que, com um forte tiro de canhota, venceu Williams. 1-0 no placar e a expectativa de um segundo tempo tranquilo para os "Gauchos de Boedo".

Emiliano Tade (direita) lamenta chance desperdiçada na etapa complementar

  Todavia, o cenário da etapa complementar foi bem diferente do que muitos imaginavam: retrancado, o poderoso campeão da América deu espaço para o Auckland City trabalhar a bola e levar perigo nas jogadas de velocidade arquitetadas por De Vries e Tade. Numa destas jogadas, após belo passe de Tade, De Vries não alcançou a bola, que sobrou livre para Ángel Berlanga, mochileiro contratado após uma conversa no Facebook com o treinador Ramón Tribulietx, empurrar para o fundo das redes azul-grenás. Estava decretado o empate do Auckland City, com um surpreendente silêncio da fanática torcida argentina em Marrakech.

Jogadores do Auckland City (foto) celebram efusivamente o gol de Berlanga

  Para sustentar o resultado e levar a partida para a prorrogação, o Auckland City contou com seu excelente posicionamento defensivo e uma pitada de sorte, principalmente quando Cauteruccio, após belíssima jogada individual, desferiu um remate no poste esquerdo de Williams. Sorte esta que faltou a Emiliano Tade que, livre, perdeu aquele que seria o gol do triunfo dos neozelandeses. Nervoso em campo, o time argentino errava muitos passes e, como consequência de seu "DNA defensivo", o gol de empate não veio nos 90 minutos, sendo necessários mais 30 para a definição do classificado à decisão.

Yepes (azul-grená, San Lorenzo) e Issa (branco) observam atentamente a trajetória da bola após dividida

  Na realidade, mais dois minutos: logo no início da prorrogação, numa rara desatenção defensiva dos "Navy Blues", "Pipo" Romagnoli fez um cruzamento perigoso para a área; Más, livre, apenas ajeitou a bola para Mauro Matos, homem mais perigoso da vanguarda azul-grená, fuzilar o arqueiro Williams e dar uma sensação de alívio momentâneo aos "cuervos". Antes do término do duelo, os argentinos ainda sofreriam com uma bola na trave de Payne; porém, os valentes heróis "kiwis" não puderam aumentar ainda mais sua façanha, saindo de campo com o placar desfavorável por 2-1 após 120 minutos de peleja.

Mauro Matos (direita) celebra o gol da classificação sofrida do San Lorenzo

  Matematicamente derrotados; moralmente, vencedores. Este era o clima após a partida entre os jogadores do Auckland. O sorriso de satisfação estampado nos rostos dos tetracampeões oceânicos contrastava com a celebração embaraçosa dos argentinos, cientes de que haviam feito uma partida bem abaixo do esperado e evitado, com muita dificuldade, um histórico vexame.

Assista aos melhores momentos do duelo entre San Lorenzo e Auckland City

  Ao final da partida, Edgardo Bauza, comandante do San Lorenzo, destacou as dificuldades encontradas no duelo: "Estamos satisfeitos que atingimos o objetivo de chegar à final. Porém, foi um jogo difícil contra uma equipe bem organizada defensivamente. Não jogamos bem: estávamos nervosos e não mostramos a determinação necessária. Agora vamos começar a se preparar para a final e fazer tudo o que pudermos para vencê-la".

Edgardo Bauza (foto) reconheceu as dificuldades encontradas por sua equipe no duelo contra o Auckland City

  Já pelo lado do City, Tribulietx destacou: "Nós somos os vencedores morais. Tivemos a chance de ganhar o jogo no tempo normal. Meus jogadores, estão, obviamente, desanimados, porque estiveram muito próximos da vitória. Mas estamos muito orgulhosos da maneira como jogamos hoje e vamos nos recordar deste jogo por muito tempo. Fomos valentes, tivemos um bom tempo de posse de bola contra o campeão da América do Sul e mostramos que podemos competir em elevado nível e jogar um bom futebol. Estou muito orgulhoso dos meus jogadores - eles mereciam ganhar hoje. É fantástico estar neste torneio e mostrar ao mundo do que somos capazes".

Nem mesmo o experiente Yepes (azul-grená, San Lorenzo) conseguiu garantir a tranquilidade necessária aos homens do "Ciclón" em sua estreia no Mundial de Clubes

  A jornada heroica dos valentes "Navy Blues" no Mundial, todavia, ainda não terminou. No próximo sábado, os neozelandeses voltam a campo às 14h30 (horário de Brasília) para a decisão do 3º lugar do certame contra o Cruz Azul, campeão das Américas do Norte e Central. Independentemente do resultado, os comandados de Tribulietx já entraram para a história como conquistadores do melhor desempenho de um representante da Oceania num Mundial de Clubes da FIFA, desde a primeira edição do torneio expandido e sob a organização da entidade, em 2000.

  WSW termina em sexto


Assista aos gols de WSW x Setif e à decisão por pênaltis do 5º lugar do Mundial de Clubes

  Representante da Austrália no torneio, o Western Sydney Wanderers despediu-se com a 6ª colocação em sua primeira participação num Mundial de Clubes. No duelo pelo 5º lugar contra o ES Sétif, campeão africano, o WSW até saiu na frente com um gol de Castelen; porém, sofreu a virada dos alvinegros, que chegaram ao 2-1 com um gol contra de Mullen e outro tento de Ziaya. A um minuto do fim, o brasileiro Vítor Saba igualou a contagem, forçando a prorrogação. Após a inalteração do placar nos 30 minutos extras, a decisão foi para as grandes penalidades, nas quais o quadro argelino saiu vencedor por 5-4.

  Fonte das Imagens: FIFA

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