quinta-feira, 6 de março de 2014

Especial! Confira entrevista com Ramin Ott, o maior centroavante da história do futebol de Samoa Americana

  Por Carlos Santos (com revisão de João Victor Gonçalves)

  Em mais uma matéria especial, a “Equipe Do outro lado da Bola” traz para o leitor a entrevista com Ramin Ott, jogador titular da Seleção da Samoa Americana, que entrou para a história do futebol local ao marcar um dos gols na primeira vitória de seu país em uma partida oficial organizada pela FIFA. Conhecido simplesmente como “Min”, Ott, um dos maiores centroavantes do futebol do Pacífico, conta um pouco de sua trajetória no futebol e mostra sua opinião sobre a realidade da modalidade em seu país nesta sensacional entrevista. Confira!


O camisa 9 da Seleção Samoana (foto) foi o autor de um dos gols da histórica vitória do país sobre Tonga nas Eliminatórias para a Copa de 2014

  Quem influenciou você a começar a jogar futebol?
  Em casa, há um forte vínculo com o esporte: minha mãe foi jogadora de futebol; já meu pai (John Ott) foi jogador de rugby. Hoje, eles possuem seu próprio clube de futebol, o Black Roses. Meu pai sempre me ajudou muito: ele nunca foi meu treinador, mas sempre esteve por perto para dizer o que eu poderia fazer, elogiando as minhas experiências no futebol e pedindo que eu ensinasse esta arte a outras pessoas. Ele é meu grande amigo e, para ele, eu sou e serei sempre o melhor.


Escudo do Black Roses (foto), clube mantido pela família de Ott e no qual ele atua quando está em Samoa Americana

  Quem é seu maior ídolo no futebol?
  Tenho vários ídolos, mas sempre quis ser como o grande Ronaldo. Acredite ou não, eu era conhecido como “Ronaldo” no futebol local (risos).


Plantel do Konica Machine, campeão da Samoa Americana na Temporada 2005/2006

  Como foi sua ascensão no futebol?
  Em 2004, tive uma experiência atuando com os juniores do Newcastle Jets, na Austrália. Voltei para casa no ano seguinte e passei a atuar como centroavante no campeonato samoano. Ganhei o prêmio de revelação do campeonato em 2005 com o Royal Puma e, posteriormente, dois prêmios seguidos de MVP (melhor jogador do campeonato) atuando pelo Konica Machine (2006) e Black Roses (2007), além de ser campeão nacional com estas equipes. Isso ajudou para que conseguisse a transferência para o futebol neozelandês.


O jovem Ramin Ott (primeiro da esquerda para a direita) posa ao lado dos troféus obtidos pelo Konica Machine na Temporada 2005/2006

  Como foi sua passagem pelo Bay Olympic, no futebol neozelandês?
  Aprendi muito no futebol neozelandês e levei a experiência adquirida para a Samoa Americana. O futebol de lá era muito diferente comparado ao de Samoa Americana: o jogo era muito mais rápido, os jogadores eram mais velozes. Porém, percebia que a maneira como as pessoas encaravam o esporte na Nova Zelândia era diferente. Para eles, era “Ok, temos mais um jogo neste sábado”. Na Samoa Americana, a população tem muito mais orgulho dos nossos feitos. Em meu país, o futebol não é apenas um esporte, é um estilo de vida!  Tanto que a prática do futebol na Nova Zelândia era de dois dias por semana, enquanto que na Samoa Americana é realizada diariamente.


Jogadores de Samoa Americana posam para foto com a bandeira nacional antes de partida válida pelas Eliminatórias para a Copa de 2014

  Qual é seu time de futebol preferido?
  Acompanho vários times de todo o mundo, mas como tenho que escolher um, elejo o Chelsea.


Ott (branco, esquerda) em ação na disputa das Eliminatórias para o Mundial Sub-17 em 2003, na partida entre Samoa Americana e Ilhas Cook (verde)

  Qual foi sua primeira convocação para a Seleção Samoana?
  Fui convocado pela primeira vez quando tinha de 16 para 17 anos, em 2003, para a disputa das Eliminatórias para o Mundial Sub-17.


Relembre os melhores momentos da histórica vitória de Samoa Americana sobre Tonga

  Qual foi o gol mais importante de sua carreira?
  Foi o gol que fiz contra as Ilhas Salomão (derrota da Samoa Americana por 12-1 nos Jogos do Pacífico de 2007). Apesar da derrota, foi o primeiro gol que marquei a nível internacional. Também tinha o objetivo de conseguir fazer um gol que não fosse em uma cobrança de pênalti numa partida internacional, e consegui isso na vitória sobre Tonga (partida disputada em 2011 válida pelas Eliminatórias para a Copa de 2014).


Ott (primeiro, da esquerda para a direita) canta o hino nacional da Samoa Americana ao lado de seus companheiros antes de partida válida pelas Eliminatórias para a Copa de 2014

  Você sempre foi apontado como um dos melhores jogadores do futebol de Samoa Americana. O excesso de confiança atrapalhou sua carreira?
  E como atrapalhou! Às vezes eu sentia que ninguém poderia me parar, era muito egoísta. Cheguei a um ponto em que não me importava com o desempenho da equipe, somente com minha atuação. Ao fazer isso, percebi que não conseguia evoluir. Então meu pai me fez perceber que devo atuar como sou realmente, e não como aquele jogador que imaginava que era em meu ego.


Histórica formação de Samoa Americana, que conseguiu a primeira vitória do país numa competição oficial organizada pela FIFA

  Qual é o seu maior sonho?
  Meu maior sonho era atuar profissionalmente, nem que não me pagassem para fazer isso. Porém, tive várias decepções e acabei limitando este sonho. Atualmente, não posso realizá-lo, já que estou servindo no Exército dos Estados Unidos da América. Quando estou em casa, atuo pelo Black Roses.


Ott (foto) não deixa de praticar o futebol mesmo servindo o exército dos EUA

  Em sua opinião, o que poderia ser feito para melhorar o nível do futebol da Samoa Americana?
  Precisamos que olheiros venham para cá, vejam os jogadores atuando e garantam a eles uma chance em outro campeonato. No futebol da Samoa Americana, há certa qualidade: os jogadores realizam bons passes curtos, tentam fazer suas jogadas. Porém, atuar somente na liga local não é suficiente para nossa evolução: por aqui, já sabemos o que cada equipe mostrará em cada partida, as características individuais de cada um etc. Se continuarmos dependentes da realidade local, nosso nível de jogo nunca irá progredir.

  Link em inglês: http://www.google.com/translate?u=http%3A%2F%2Fdooutroladodabola.blogspot.com.br%2F&langpair=pt%7Cen&en=pt&en=UTF8

Nenhum comentário:

Postar um comentário