Amanhã o futebol da Oceania viverá seu dia de júbilo em 2012: o representante do continente no Mundial de Clubes da FIFA, Auckland City, fará sua estreia ante o Sanfrecce Hiroshima, campeão japonês, naquele que promete ser o confronto que mostrará ao mundo o quanto o futebol neozelandês e oceânico evoluiu na última temporada, bem como seus maiores talentos e triunfos.
Um dos últimos desafios do Auckland City foi o "Superclássico Neozelandês" contra o Waitakere United. Acima, Feneridis (azul, foto) disputa bola na referida partida
Ciente da importância do duelo, a "Equipe Do outro lado da Bola" preparou uma prévia dos "Blues" para o grande confronto da temporada, falando sobre a preparação da equipe em território japonês, os últimos confrontos na Liga Neozelandesa e o time-base que promete surpreender o mundo com uma honrosa atuação ante os "violetas" da Terra do Sol Nascente.
A preparação em território japonês e o "sangue espanhol" dos "Blues"
O desembarque em território oriental ocorreu há uma semana, com os comandados de Ramón Tribulietx seguindo um rígido cronograma de preparação, que incluiu o acompanhamento da definição do título japonês (que também decidiria o adversário do Auckland City no Mundial de Clubes).
Acima, assista ao vídeo que mostra como foi o primeiro dia do Auckland City FC em território japonês
No primeiro desafio em solo nipônico, os "Blues" tiveram pela frente o Matsumoto Yamaga, time da Segunda Divisão Japonesa, em duelo amistoso. Dentro de campo, uma atuação convincente dos neozelandeses animou torcedores e os próprios membros da equipe: vitória por 2-0, gols de Emiliano Tade e Luis Corrales. Em sua primeira impressão ofertada ao público japonês, o Auckland foi visto como uma equipe bem definida taticamente, aplicada na marcação e fatal nos contra-golpes.
Jogadores do City comemoram vitória contra o Matsumoto Yamaga
Durante o período de preparação, uma dupla chamou a atenção da imprensa mundial: os espanhóis Manel Exposito e Albert Riera, velhos conhecidos do leitor que acompanha as jornadas do Auckland City na ASB Premiership e na O-League. Questionados sobre o sentimento de atuar num clube amador de um cenário tão distante dos holofotes da grande mídia, os atletas foram unânimes em apontar o ACFC como um time como caráter reabilitador em suas carreiras.
Os trabalhos com bola se intensificaram no 2º dia do Auckland City em terras japonesas; veja o vídeo acima
A história de Riera na "Terra dos Kiwis" é, no mínimo, curiosa: longe de atuar nos grandes gramados europeus, o espanhol veio para a Nova Zelândia com o objetivo de aumentar seu currículo e aprender um novo idioma (anteriormente, Albert havia atuado como motorista de ambulância em sua terra-natal).
Riera (azul, direita), que já foi até motorista de ambulância, disputa bola durante o "Superclássico Neozelandês"
O ingresso do volante no Auckland não foi menos surpreendente: primeiramente, veio o contato pela internet com Ramón Tribulietx, treinador da equipe, que o convidou para conhecer as instalações dos "Blues". Ciente da experiência de Riera em equipes semi-profissionais em solo espanhol, Ramón cuidou da preparação de seu conterrâneo dentro e fora das quatro linhas. O resultado pode ser visto hoje: adaptado ao novo país e ao futebol oceânico, Riera é um dos grandes destaques da retaguarda dos "Kiwis" para a disputa do Mundial.
No terceiro dia, Ramón Tribulietx começou a definir os contornos do time que estreará no Mundial de Clubes; confira maiores detalhes no vídeo
A história de Manel Exposito no futebol, porém, seguiu um caminho oposto à de Riera: revelado pelas categorias de base do poderoso Barcelona, Manel já teve a honra de ser companheiro de craques de renome internacional como Lionel Messi, Deco e Xavi. Porém, sua passagem pela equipe catalã foi marcada pela inconstância proporcionada por lesões e pela concorrência de elevado nível na sua posição.
Manel Exposito (foto) já teve a honra de ser companheiro de craques como Xavi e Messi; agora, terá a missão de comandar o ataque do Auckland City no Mundial de Clubes
Após altos e baixo na carreira, a Nova Zelândia apareceu como uma possibilidade de redenção para Exposito, que também trabalha ensinando a arte do futebol para crianças locais. Com 30 anos e participando de seu segundo Mundial de forma consecutiva, Exposito é a grande esperança de gols no ataque dos "Blues". Ao lado de Riera, prometem dar um toque todo "especial" ao selecionado campeão da Oceania em suas batalhas em território japonês.
O quarto dia do Auckland City foi marcado pelo contato dos atletas com o gramado do Estádio Nacional de Yokohama. Veja maiores detalhes acima
Outro destaque do elenco do Auckland para a disputa do Mundial é o meio-campista Daniel Koprivcic. Porém, a contribuição do croata para as fileiras neozelandesas tem um caráter todo especial: caso entre em campo contra o Sanfrecce Hiroshima, ele se tornará o primeiro atleta a disputar 5 Mundiais de Clubes da FIFA.
Koprivcic (direita) em ação com a camisa do Auckland City; jogador participará do Mundial de Clubes pela 5ª vez em sua carreira
A jornada de Daniel na principal competição interclubes do planeta começou em 2007, quando ele representou o maior rival do Auckland, o Waitakere United, na competição da FIFA. No ano seguinte, Koprivcic desfilou mais uma vez com as camisas alvirrubras. Porém, nas temporadas 2009 e 2011, o europeu defendeu o Auckland City. Com 31 anos, sua experiência pode ser fundamental para a conquista de um bom resultado em terras nipônicas. Porém, ele, consciente, fez questão de ressaltar: "Nunca será fácil para uma equipe amadora vencer profissionais".
Ciente dos desafios que o ACFC terá pela frente, Daniel (esquerda) declarou: "Nunca será fácil para uma equipe amadora vencer profissionais"
Apesar da grande experiência de seus comandados, o City pode se orgulhar de ter em seu elenco o atleta mais jovem dessa edição do Mundial: com apenas 16 anos, David Browne se destaca por sua vontade, a qual supera as barreiras dos resultados positivos ou das boas atuações dentro de campo, estendendo-se para suas experiências pessoais.
Com apenas 16 anos, David Browne (foto) é o atleta mais novo a disputar o Mundial de Clubes 2012
O jovem papuásio declarou a respeito da importância da disputa do Mundial em território japonês para sua vida: "Eu estou me divertindo muito com a experiência no Japão. É um país muito bonito, as pessoas são muito simpáticas e estou aprendendo muito com os jogadores experientes no elenco".
O jovem atleta papuásio garante: "Estou me divertindo muito no Japão"
Sob o comando do espanhol Ramón Tribulietx, a equipe azul promete deixar a alma dentro de campo contra o Sanfrecce Hiroshima. Certamente, o espírito guerreiro de Riera e Exposito, a experiência de Koprivcic e a alegria de Browne serão fatores fundamentais, ao lado das virtudes dos outros atletas do elenco, para a obtenção desse feito.
O desempenho dos campeões continentais na ASB Premiership
Apesar de ter obtido sua vaga por meio da O-League, competição que reúne os campeões nacionais dos principais países da Oceania, a ASB Premiership é a competição tomada como referência pelo elenco do Auckland para a disputa do Mundial de Clubes. Garantir a soberania a nível nacional é o primeiro passo para o projeto de manutenção da hegemonia continental dos "Blues", conforme o destacado por diretoria, comissão técnica e jogadores.
No 5º dia de preparação para o Mundial, City teve pela frente os japoneses do Matsumoto Tamaga. Veja acima os melhores momentos da partida
Em virtude da disputa do Mundial de Clubes, os "Blues" possuem um jogo a menos em relação à maioria de seus concorrentes na principal competição do futebol neozelandês. Até agora, foram quatro partidas disputadas, com duas vitórias e dois empates. Os 8 pontos na tabela garantem a 4ª colocação ao time de Auckland, a última dentro da Zona que garante a classificação para as semifinais do certame.
O capitão Ivan Vicelich falou durante o 6º dia de treinamentos do Auckland City em solo japonês. Veja acima a entrevista do grande capitão dos "Blues"
Após um começo animador, com duas vitórias convincentes sobre Canterbury United (5-2) e Otago United (1-3), o City encontrou mais dificuldades nas partidas contra o Hawke's Bay United (1-1) e no grande clássico contra o Waitakere United (1-1). Em algumas partidas do torneio, Tribulietx preferiu dar chance a novos talentos dos "Blues", com dois objetivos: adaptá-los aos constantes desafios da equipe na Liga Nacional e poupar os jogadores mais experientes, visando a disputa contra o Sanfrecce Hiroshima.
Jogadores do City comemoram gol contra o Waitakere United, em duelo válido pela 4ª Rodada da ASB Premiership
Nas primeiras partidas, a defesa, que sempre foi o ponto forte das campanhas do Auckland City, mostrou-se inconstante. As jogadas de bola aérea foram o "calcanhar de Aquiles" dos "Blues". Porém, o desentrosamento após o período inter-temporadas deve ser visto como o responsável por isso, já que a regularidade defensiva voltou a ser vista no clássico contra o Waitakere e no amistoso contra o Matsumoto Yamaga.
Manel Exposito (esquerda) cabeceia bola durante o "Superclássico Neozelandês", que terminou empatado em 1-1
A maior variedade nas jogadas ofensivas, vista nos encontros da Liga Neozelandesa, deve se repetir no Mundial de Clubes: ao contrário das últimas temporadas, quando a equipe esteve muito dependente do talento individual de Dickinson e da precisão nos remates de Exposito, o time de Auckland poderá explorar um maior número de jogadas pelas laterais, sempre contando com o apoio de Bale e, caso o comandante Tribulietx prefira, o ingresso de Corrales e Tade na segunda etapa aparece como uma boa opção para aumentar o poderio ofensivo.
O provável time para o confronto contra o Sanfrecce Hiroshima
Apesar das boas atuações do argentino Tade e do costarriquenho Corrales nas últimas partidas, Ramón Tribulietx deve apostar numa formação mais conservadora para a partida contra o Sanfrecce Hiroshima, contando com a experiência de Koprivcic no meio de campo e a habilidade de Dickinson no campo de ataque.
O comandante espanhol Ramón Tribulietx (foto) tem poucas dúvidas para escalar o Auckland City contra o Sanfrecce Hiroshima
No sistema defensivo, Berlanga promete repetir a boa atuação na partida contra o Kashiwa Reysol, que lhe garantiu a honra de ser apontado como o melhor atleta dos "Blues" na Edição 2011 do Mundial de Clubes. A seu lado, terá toda a liderança e combatividade do capitão Ivan Vicelich, símbolo máximo das conquistas do ACFC na sua curta, mas gloriosa história.
Chris Bale (foto) comemora seu primeiro gol com a camisa do Auckland City, em partida válida pela ASB Premiership contra o Canterbury United
A grande dúvida segue sendo a meta do City: recuperando-se de lesão, Jacob Spoonley, arqueiro que defendeu a Nova Zelândia nas Olimpíadas de Londres, deverá ceder seu posto ao reserva imediato, Tamati Williams, que atuou contra o Matsumoto Yamaga. Porém, o ingresso de Spoonley na partida contra os "violetas" não deve ser visto como uma surpresa, já que, apesar de jovem, o arqueiro acumula a experiência de ter defendido o City no último Mundial, trunfo que seu oponente à oposição não possui.
O goleiro Spoonley (foto) segue sendo a grande dúvida para a estreia do Auckland City no Mundial de Clubes
O time-base do Auckland City deve ser o seguinte: Tamati Williams; James Pritchett, Angel Berlanga, Ivan Vicelich, Takuya Iwata; Chris Bale, Alex Feneridis, Albert Riera; Manel Exposito, Daniel Koprivcic, Adam Dickinson. Apesar do "teórico 4-3-3", o treinador Ramón Tribulietx optará, durante a partida, pelo 4-5-1, com o isolamento de Exposito no comando de ataque, privilegiando a marcação, podendo variar para um 4-4-2, com as descidas de Adam Dickinson pelo flanco; no banco, Emiliano Tade e Luis Corrales são as duas melhores opções, principalmente em caso de placar desfavorável, já que podem dar maior dinamismo às ações ofensivas do City.
O argentino Emiliano Tade (foto) é uma das grandes revelações do Auckland City, podendo surpreender caso entre em campo neste Mundial de Clubes
Numa demonstração das reais condições do City, Exposito, em uma de suas últimas declarações antes da estreia, "desmitificou" a condição amadora do Auckland, tão explorada pela imprensa nos últimos dias: "o fato de o futebol neozelandês ainda ser amador e de os atletas terem outras ocupações não nos deixa abaixo de ninguém. Apenas nos motiva a nos dedicarmos mais do que essas equipes, para tentarmos fazer o nosso melhor e surpreender o mundo".
Futuro papai, o costarriquenho Luis Corrales (foto) pode ser a "força que vem do banco" durante a disputa do Mundial de Clubes
Com "amadores" que prometem levar para o campo vontade e tática digna dos melhores profissionais do ramo, o Auckland City joga sua vida no Mundial de Clubes amanhã, às 8h30 (horário de Brasília) contra o Sanfrecce Hiroshima, no Estádio Nacional de Yokohama, na cidade homônima, localizada na Grande Tóquio. Vale a sua torcida pelo representante da Oceania em sua mais importante jornada na Temporada 2012/13!
Fonte das Imagens: Site Oficial do Auckland City
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